Semeando aprendizagem coletiva
A reflexão sobre os princípios da ecologia e sua manifestação na empresa desencadeia um intenso processo de aprendizagem coletivo na organização. Esse é um caminho importante para o próprio desenvolvimento sustentado da organização.
Quando uma organização deixa de ser considerada como máquina e passa a ser vista como organismo vivo, é evidente que os valores e princípios que irão regê-la serão completamente diferentes.
Nesse momento de uma total mudança de mentalidade, os princípios e valores da visão sistêmica e ecológica emergem como aqueles que irão orquestrar essa virada paradigmática.
A descoberta há 500 anos de que a Terra é redonda e não está no centro do Universo, talvez tenha sido menos impactante do que descobrir hoje, que não podemos continuar a olhar para o mundo com os valores e as lentes de uma visão mecanicista e reducionista.
Há 500 anos, a pressão e a aceleração eram inimaginavelmente menores do que a pressão (social, cultural, econômica) e a aceleração (tecnológica, científica) que a humanidade enfrenta hoje. Nesse contexto, é inegável que as organizações passam a ser as instituições mais importantes no contexto geral da experiência humana.
O importante é percebê-los como princípios e conceitos que são universalmente aplicáveis. As ideias básicas contidas em cada um podem ser aplicadas às varias arcas e níveis de uma organização e podem ser revisadas e ampliadas repetidamente, numa variedade de perspectivas. Quando usados dessa maneira, esses conceitos se transformam em pontes de ligação por onde circula regularmente a aprendizagem coletiva. Isso ocorre porque sempre que um princípio é aplicado e aprendido num determinado setor, outras áreas da organização poderão usufruir desse mesmo processo.
A integração dos princípios vai acontecendo num sistema de rede (network) para atender não só a inclusão da empresa numa visão ecológica e sistêmica de ponta, mas também para aprofundar e adequar cada princípio à realidade singular da empresa.
Os oito princípios da ecologia, quando apoiados por questões enfocadas e inspiradas pelas próprias necessidades e identidade de cada setor ou departamento da empresa, fornecerão a estrutura e a direção, o conteúdo e o contexto para a aprendizagem coletiva.
Por estarem estruturados de modo integrativo, os oito princípios do ecomanagement estimulam quando utilizados, a participação intensificada de todos que trabalham na organização. A contribuição de cada departamento poderá ser inteiramente diferente quanto à aplicação dos princípios. Cada setor poderá perceber de que modo esta ou não alinhado com esses princípios (o que significa para os lideres e seus colaboradores responder a uma proposta sistêmica e ecológica de liderar os seus setores?).
O processo precisa ser conduzido de dentro da organização para fora, gradualmente, de modo que a conscientização se faça eficazmente. É preciso que as empresas percebam que não podem estar isoladas num contexto ambiental, que fazem ao meio ambiente está afetando diretamente a vida de todas as pessoas. A conscientização de uma empresa irá afetar e influenciar a conscientização de todas.
Cada matriz procura lançar questões para um exame de como cada princípio influencia a cultura da empresa, seu tecido social, seus relacionamentos interpessoais, suas comunicações internas e externas, e suas competências centrais e processos tecnológicos e estratégicos. Essa compreensão profunda está na base do ecomanagement.
Os oito princípios da Ecologia…
- O bem-estar e o florescimento da vida humana e da não humana sobre a terra têm valores em si próprios (sinônimos: valor intrínseco, valor inerente). Esses valores são independentes da utilidade do mundo não humano para propósitos humanos.
- A riqueza e a diversidade das formas de vida contribuem para a realização desses valores e são valores em si mesmos.
- Os humanos não têm nenhum direito de reduzir essa riqueza e diversidade exceto para satisfazer necessidades humanas vitais.
- O florescimento da vida humana e das culturas é compatível com uma substancial diminuição na população humana. O florescimento da vida não humana exige essa diminuição.
- A interferência humana atual no mundo não humano é excessiva, e a situação está piorando rapidamente.
- As políticas precisam ser mudadas. Essas políticas afetam estruturas econômicas, tecnológicas e ideológicas básicas. O estado de coisas resultante será profundamente diferente do atual.
- A mudança ideológica é basicamente a de apreciar a qualidade de vida (manter-se em situações de valor intrínseco), não a de adesão a um sempre crescente padrão de vida. Haverá uma profunda consciência da diferença entre grande e importante.
- Aqueles que subscrevem os pontos precedentes têm a obrigação de tentar implementar, direta ou indiretamente, as mudanças necessárias.
FONTE: Amana-Key “O Executivo como agente de transferência”